terça-feira, 26 de junho de 2007

O Lundu


O lundu nasceu em Angola e Congo. Originariamente era um dança trazida pelos escravos nos primeiros anos da escravidão. A primeira referência escrita sobre esta dança data de 1780 - uma carta escrita por um antigo governador de Pernambuco ao Governo português, sobre danças de negros brasileiros denunciadas ao Tribunal de Inquisição. Nela o lundu é descrito como dança de caráter licencioso e indecente. Nos últimos anos do século XVIII, entretanto, o lundu já aparece como canção e por esta época Domingos Caldas Barbosa se apresentava nos salões fidalgos de Lisboa cantando lundu ao som da sua viola de arame. Por esta época surgem também em Portugal os primeiros exemplares de lundu registrados na pauta musical.
No Brasil, já no século XIX o lundu começa a freqüentar as festas do Império. Saindo das senzalas ele penetra nos salões e passa a ser cantado ao som do violão, ao lado da modinha.
O lundu foi a primeira forma de música negra que a sociedade brasileira aceitou e por ele o negro deu à nossa música algumas características importantes.
Para aceitar integralmente o lundu, a sociedade colonial brasileira transformou-a em canção, libertando-se de uma coreografia que certamente a escandalizava e irritava.
E esta ascensão se deu pelo caminho da comicidade. Cantando sensualmente os amores condenados pela sociedade, o lundu se fixou definitivamente na exaltação da negra e do mulato. Eram muitas vezes cômicos e sempre risonhos. Foi esta comicidade e sorriso o disfarce psicossocial que lhe permitiu a difusão nas classe dominantes. E por isso mesmo - por tratar de temas nem sempre aceitos pela sociedade - é que a maioria dos lundus não trazia o nome do autor que preferia se esconder no anonimato para não ser identificado e talvez perseguido pelas autoridades.
O lundu-dança continuou a ser cultivado pelos negros e mestiços apoiado apenas nos estribilhos curtos. O lundu-canção, graças a sua origem popular passou a interessar tanto aos compositores cultos que acabaram por modificá-lo a ponto de ser confundido com a modinha.
Os músicos de teatro, por seu turno, viram na união de um texto engraçado com a malícia da dança uma boa atração para o publico de brancos que freqüentava os teatros e por isso deram-lhe apoio e divulgação.
Dentre os compositores dessa modalidade de música destaca-se Xisto Bahia. Um músico, ator e compositor que nasceu em Salvador em 5 de setembro de 1841 e faleceu em Caxambu, Minas Gerais, em 30 de outubro de 1894. Xisto Bahia é considerado um dos mais notáveis artistas baianos de todos os tempos. Alem de compositor era exímio trovador e artista dramático, embora tenha feito muita comédia, distinguindo-se sempre pela mais completa assimilação dos papeis que interpretava.
A matriz que preparamos para ilustrar essa modalidade de música nos mostra os dois tipos de lundu: o semelhante a modinha, cantado nos salões e o popular cantado nos teatros. A maioria ou era anônima ou de Xisto Bahia.

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